quarta-feira, dezembro 28, 2005

Sobre a avaliação das escolas

Esta semana no suplemento de Educação do Jornal de Letras, podem ler-se reportagens sobre a autonomia e a avaliação das escolas, fazendo referência também à avaliação dos manuais escolares. Transcrevo uma parte do artigo da Fundação Calouste Gulbenkian intitulado Experiência e Institucionalização, sobre a avaliação das escolas como ela é feita, que dados revela e suas consequências.

«O que se aprendeu
Três anos consecutivos de acções de Avaliação Integrada das Escolas significam um total de intervenções em 2039 estabelecimentos escolares de diferentes tipologias, representando 540 unidades de gestão, ou seja, um pouco mais de um terço do total das unidades de gestão. Foram observadas 600 salas de actividades na educação pré-escolar e 10.062 aulas dos diferentes níveis de ensino.
O relatório do último ano de intervenção, 2001/2002, descreve quais os pontos fortes e fracos das escolas intervencionadas nesse ano, tal como identifica os ciclos de escolaridade onde, de acordo com os critérios definidos, não foi possível identificar pontos fortes. Tal facto não significa que não tenham sido assinaladas escolas com práticas excelentes, mas o seu número é menor do que o previsto no critério. Neste relatório descrevem-se, ainda, disparidades entre as escolas do mesmo nível, isto é, amplitude de diferenças entre escolas numa distribuição percentil, e comparam-se os desempenhos nos três anos de intervenção.
Por exemplo, são pontos fortes das escolas de todos os níveis de ensino a atenção ao desenvolvimento das competências sociais; a relação pedagógica e o relacionamento interpessoal; a abertura à mudança, a capacidade de resolver conflitos e de tomar decisões.
Porém, é na dimensão “Educação, Ensino e Aprendizagem” que se concentra a maior percentagem de pontos fracos nas escolas dos ensinos básico e secundário, com destaque, por exemplo, para a deficiente articulação curricular promovida pelos competentes órgãos e estruturas e realizada pelos professores. É nesta dimensão que se observam as maiores dificuldades em aplicar as inovações trazidas pelo novo currículo, quer ao nível do projecto curricular de escola e de turma, quer ao nível do desenvolvimento das competências dos alunos.

A avaliação sequencial
Três anos de intervenções não chegam para criar cultura de avaliação nas escolas, nem para se perceber até que ponto a avaliação constitui uma estratégia de desenvolvimento. As intervenções sequenciais que se realizaram dois anos depois da primeira avaliação externa com o objectivo de verificar que continuidade as escolas tinham dado ao trabalho desenvolvido em conjunto com a equipe de inspectores, quais as prioridades para melhoria que tinham sido escolhidas de entre as recomendações constantes dos Relatórios de avaliação, e como tinham controlado e analisado as respectivas consequências, mostram que 75% das escolas cumpriram administrativamente o que fora recomendado e melhoraram em aspectos pontuais do contexto e das aprendizagens; um quarto delas concentrou-se na realização do ensino e das aprendizagens e ensaiou um projecto de auto-avaliação a partir dos instrumentos de trabalho da IGE. As unidades de gestão com melhor desempenho foram as que melhor souberam estruturar um plano de acção de melhoria. Da avaliação guardaram a memórias do controlo. Da divulgação de resultados que alguma comunicação social fez, algumas recordam a punição e o reconhecimento.»
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[1] Fundação Calouste Gulbenkian, (2005, 21 Dezembro). Experiência e Institucionalização. Jornal de Letras, Artes e Ideias – Educação, p.1-2.

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