quinta-feira, novembro 25, 2004

Reflexões sobre a inquietação

O estudante (sobretudo o universitário e ainda mais o que está em cursos de pós-graduação) deve ter uma atitude que reflicta inquietação: porque pretende o conhecimento, naturalmente o conhecimento verdadeiro, e essa é uma meta difícil de alcançar. Lembro-me de na minha juventude me ter impressionado ao ler numa obra de Óscar Wilde (porventura em A importância de se Chamar Ernesto) este diálogo entre dois amigos. Dizia o primeiro: “Esta é a verdade, pura e simples”. Retorquiu o segundo: “A verdade raramente é pura e nunca é simples”. E de facto assim é. Mesmo não querendo filosofar, atendo-nos nos campos do estritamente científico, a verdade parece que brinca connosco. Por isso sou de algum modo relativista, ou seja, defendo-me de aceitar como verdades absolutas as que parecem sê-lo.

Por isso, fico feliz quando encontro gente jovem – e menos jovem... – gozando o prazer de busca da verdade. E vós prefigurais essa busca, respondendo ao desafio de caracterizar a cultura pós-moderna. Usando a “arma” que convencionámos, mais tacitamente do que por definição prévia, que seria a nossa: a Internet, através do nosso blog.

Já vos cumprimentei pela produtividade – textos encontrados, “sites” descobertos, reflexão participada, tudo isso em pouco dias. Estou certo que amanhã teremos uma boa tarde de discussão para a qual deixo, aqui, algumas sugestões.

Quais as características da pós-modernidade que mais têm afectado a escola?
Poder-se-á falar de currículos pós-modernos, em contraposição com currículos tradicionais?
Será que ”as mudanças da sociedade ameaçam a escola”?
Qual o papel das tecnologias mais sofisticadas na educação de amanhã?
Quais as possíveis repercussões culturais derivadas do mundo pós-moderno?

Espero que outras, vossas, se juntem a estas.

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Estive hoje de manhã numa sessão de homenagem ao Professor Doutor Vítor Aguiar e Silva, que foi docente das Universidades de Coimbra e do Minho, e que se reformou há dois anos. Aguiar e Silva foi (é) um investigador da literatura portuguesa, grande camonista, e durante a sua estadia em Braga mereceu a admiração e o respeito pelas suas grandes qualidades. Foi uma homenagem emocionante, em especial porque o elogio do homenageado foi feito por uma sua antiga professora de Coimbra, a Doutora Maria Helena Rocha Pereira, hoje com 79 anos, que evocou o seu passado de estudante universitário. Inquieto, como eu presumi que serão os alunos de hoje, os que querem aprender. Inquieto ainda hoje, quando, ao agradecer a homenagem, se manifestou preocupado com a “empresarialização” das universidades, que tende a esquecer a sua vertente cultural profunda.
Hoje tive um bom dia!

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