quarta-feira, dezembro 01, 2004

Currículo, Cultura, TIC…

No seu último post, a Isabel demonstra como o blog pode funcionar como instrumento de aprendizagem – levantada uma ponta (neste caso pela Dalila) encontra-se outra ponta e de repente estamos noutro tema, sempre ou quase sempre interessante. Há pouco interroguei-me sobre se estaríamos ou não a aceitar desvios, não propriamente ao programa (como sabem, o “programa” – no sentido dos syllabuses dos anglo-saxónicos – era meia dúzia de tópicos) mas ao nosso compromisso de discutir cultura e currículo. Não estamos, na verdade.

A incursão que a Isabel faz no domínio das TIC (tecnologias da informação e comunicação) poderá ser discutida no amplo debate sobre a escola pós-moderna.

As TIC proporcionam, a um expoente inimaginável há apenas uns anos, uma informação completíssima sem praticamente barreiras de acesso. Estamos, todos os dias, a verificá-lo. Simplesmente, ter a informação não é ter o conhecimento. Umberto Eco (vejam aqui a sua biografia) no seu livro Como se faz uma tese em ciências humanas chama a atenção, com a ironia que o caracteriza, para a tendência que muitos estudantes (e não só estudantes…) têm de fazer imensas fotocópias de livros, artigos, na ilusão de que tendo as fotocópias têm o conhecimento do que nelas existe, o que é evidentemente falso. Ao possuir a fotocópia armazenámos informação, mas o conhecimento exige o tratamento dessa informação.

Pode argumentar-se que mesmo sem TIC o problema era o mesmo. Que vale ter uma biblioteca de 20 000 volumes se não forem lidos? É verdade, mas o que está em causa é a acessibilidade. E é sobre este aspecto que gostaria de dizer à Isabel que embora num primeiro momento possa parecer que esta nova sociedade de informação favorecerá apenas uma elite, que por mais rica pode aceder aos seus benefícios, mais tarde ela expandir-se-á a todos, pelo embaratecimento do hardware. Um dia virá em que computadores poderosos poderão ser vendidos a muito baixo preço. Claro que isso não chega, mas a educação ajudará.

Por isso os professores não podem alhear-se do valor das TIC e devem apropriar-se dos conhecimentos e das técnicas necessárias para delas tirarem partido nas suas aulas. Esta tendência actual constitui parte integrante da cultura que estamos a construir. Ou não?

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