quinta-feira, dezembro 02, 2004

O uso das novas tecnologias

Antes de abordar o tema principal deste comentário gostaria de dizer que a questão que levantei na minha outra intervenção é, para mim, difícil; como referi, é um assunto no qual continuarei a reflectir, tomando nota, sempre que disso tiver oportunidade, de diferentes opiniões. Muitas vezes argumentamos tendo em conta determinadas vivências e conhecimento mas é no confronto com outras ideias e outros conhecimentos que adquirimos novos dados que nos obrigam a novas reflexões.
Mas a minha participação hoje tem a ver com o post da Isabel sobre o uso das TIC: concordo totalmente que estas tecnologias permitem um acesso à informação de uma forma surpreendente. E, da forma como as instituições se tem preocupado com este assunto, mesmo aquelas pessoas que não possuem computador em casa tem possibilidade de consultar a Internet em outros locais. Portanto, penso que não é neste ponto que existem problemas. Os problemas, a meu ver, encontram-se na nova forma de alfabetização que essas tecnologias realmente exigem e no facto de que não chega ter a informação disponível para que se tenha o conhecimento (como foi referido pelo Sr. Professor). Posso ilustrar a minha opinião relatando o que se tem passado nas aulas de Área Projecto pois o facto de, este ano, ter cinco turmas dá-me possibilidade de reflectir e tirar algumas conclusões desta prática.
Quando chegámos à fase de recolha de informação sobre os subtemas que os diferentes grupos tinham escolhido, a vontade demonstrada por eles foi a de pesquisar na Internet. À questão colocada por mim se sabiam como fazer essa pesquisa, se já tinham utilizado esse recurso, a maior parte dos alunos respondeu, convictamente, que sim. Só que o seu saber resumia-se a ligar o computador e pouco mais… Constatei que esse saber é muito mecanizado, não é “pensado”, “reflectido”: ao menor contratempo já não sabem como proceder. Outro problema que surgiu, mais grave do que o anterior, tem a ver com a ideia que os alunos fazem da Internet e de como se realiza o processo de recolha e tratamento dos dados recolhidos. A primeira ideia é que a Internet é um local onde podem encontrar informação, depois de a encontrar basta imprimir e o trabalho está feito. A maior parte das vezes nem sequer sabem do que se trata porque o texto é de leitura difícil ou então nem o tentaram ler! Posso dizer que não está a ser fácil o tratamento da informação principalmente devido à relutância demonstrada na leitura dos documentos obtidos. Aliás, depois de uma primeira visita à sala de Informática tivemos que fazer uma nova pesquisa, depois de algumas aulas de reflexão sobre a forma como tudo se tinha processado.
Penso que este caso demonstra bem a necessidade que existe de “formar os alunos para uma assimilação crítica da informação” como é referido pela Sara.
E para os professores que estão pouco receptivos ao uso das novas tecnologias será cada vez mais difícil familiarizarem-se com elas pois o seu desenvolvimento é constante. É um pouco o que acontece com este blog: nas primeiras semanas, por razões de trabalho, não me foi possível ler os comentários que aí apareceram. Quando acedi, para perceber os mais recentes tive que fazer uma leitura de todos os outros, começando logo pelo primeiro. E,neste momento, é necessário uma “visita” regular para não perder a “pedalada”. Penso que, da mesma forma, quanto mais tempo os professores demorarem a usar (seja nas aulas ou em qualquer outra situação) as novas tecnologias, mais difícil será apropriarem-se do conhecimento e das técnicas necessárias (referidas pelo Sr. Professor) para delas tirarem partido. E, como acredito que o caminho para o futuro passa, obrigatoriamente, pelo desenvolvimento dessas novas tecnologias, atitudes pouco receptivas ou de recusa em o aceitar não deverão ser tomadas por alguém que tem um papel importante na formação dos adultos do amanhã.

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