quinta-feira, novembro 11, 2004

Minorias étnicas – discriminação positiva – “affirmative action”

O grupo Cláudia-Domingos-Paula-Vítor elaborou um pequeno mas muito denso texto que cobre muitos problemas e será uma bela fonte de discussão na nossa sessão presencial. Na esperança que ainda possam aceder hoje ao blog, avançarei já algumas ideias.

Na verdade, nos comentários que fiz ao texto do grupo Assunção-Isabel-João Paulo-Sara eu já introduzira o problema da discriminação positiva; aliás, a Sara, em post de ontem (10-11), teceu considerações importantes sobre o mesmo tema.

É evidente que o conceito de “minoria étnica” revela já a posição dominante de quem não se considera minoria (será, portanto, “maioria”…) Essa posição, que se pode confundir um pouco com arrogância, é porventura o aspecto que mais dificulta qualquer tentativa de interculturalidade. Recordo-me vagamente de um dia ter lido que, para efeitos interpretação de uma determinada prova psicológica, ela era calibrada tendo em atenção o adulto branco, “normal” e culto…

Nos Estados Unidos – onde estes problemas sempre tiveram maior acuidade – no Código Civil de 1866 constava que era garantido a todos os cidadãos "the same right to make and enforce contracts ... as is enjoyed by white citizens ... " (conservo o inglês por ser mais saboroso...). Bom, a Guerra Civil (1861-1865) apenas tinha acabado…

E no entanto, como sabem, ainda cem anos depois Luther King sonhava com a emancipação total dos negros (que ainda não aconteceu). Talvez por isso se tenha de compreender que a discriminação positiva encontre adeptos, como acontece modernamente com um conceito paralelo, a “affirmative action”, que até tem uma Associação (siga o link).
Define-se a “affirmative action” como “the set of public policies and initiatives designed to help eliminate past and present discrimination based on race, color, religion, sex, or national origin.”

É fácil ser contra – invocando os princípios que expõem; mas não haverá uma grande diferença entre o que se diz, o que se pensa e o que se faz? Descodifico: quando dizem que “ao avaliarmos os nossos sentimentos em relação a minorias étnicas, não estamos a distinguir o que à partida consideramos semelhante?”, eu posso perguntar: consideramos, dizemos que consideramos, pensamos que consideramos… e o que fazemos para expressar essa consideração?

Lembro que neste momento a Holanda está efervescente por causa do assassinato de Theo van Gogh – 40% da população branca deseja que os muçulmanos abandonem o país…

Não é fácil – nem deve ser possível – chegar a conclusões satisfatórias.

Amanhã prevejo algumas boas discussões…

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